Gosto muito de comentar sobre os jogos do Palmeiras, trazer uma visão diferente. As vezes quando eu escrevo sobre um jogo me faz pensar mais amplo em como foi a partida, quando paro para escrever começo a enxergar coisas que no momento não achei relevante. Também gosto de escrever bastante sobre a politica do clube, faço isso com mais frequência via Orkut, acredito ser importante para os mais novos conhecerem mais sobre a historia do clube, em como as coisas funcionam por lá. E nisso de passar tais informações, volta e meia escrevo sobre um ídolo, um craque do passado, para que nós possamos resgatar para aqueles que não acompanham mais afundo. Inegavelmente, Garrincha foi um dos maiores, se não o maior, ponta direita da historia do futebol mundial. Os seus dribles e jogadas geniais para muitos só são superadas por Pelé. Mas o que o palmeirense deve e muito se orgulhar é que outro grande ponta direita da historia do futebol jogou por aqui: Julinho Botelho. Chegou ao Palmeiras em 1959, após ficar de 1955 a 1959 na Fiorentina-IT onde era ídolo (Em 1996, foi premiado como melhor jogador da história da Fiorentina), fez parte do time que ficou conhecido como "Primeira Academia" e logo se tornou um dos maiores ídolos do Palmeiras. Conquistou aquele Supercampeonato Paulista contra o Santos de Pelé, sendo um dos principais jogadores do torneio. Ganhou ainda o nosso primeiro Brasileirão, (Taça Brasil). Fez parte do elenco que disputou o jogo histórico em que o Palmeiras vestiu a camisa da Seleção e goleou a seleção uruguaia por 3 x 0 na inauguração do Mineirão. Existem muitas passagens curiosas, os famosos “causos”, como a vez que teve de viajar escondido dentro do banheiro de um trem tamanha era a tietagem do lado de fora. Há também, até hoje, uma placa em um restaurante em Florença-ITA que diz; “Aqui almoçava Juninho”. Possuía um futebol cheio de categoria, com dribles insinuantes e jogadas de efeito, nunca dava bicões pra frente. Recusou a convocação para Seleção Brasileira de Futebol que disputaria a Copa do Mundo de 1958, alegando como motivo, o fato de que, como não atuava no futebol brasileiro, não seria justo para com os jogadores que atuavam no Brasil, que ele representasse o país em um campeonato mundial. Assim o mundo conheceu Garrincha. Em 13 de maio de 1959, já estava no Brasil defendendo o Palmeiras e foi convocado pela Seleção Brasileira de Futebol que enfrentaria no estádio do Maracanã a Inglaterra em uma partida amistosa. Quando o locutor no estádio anunciou a escalação da seleção canarinha, as 160 mil pessoas que estavam presentes no estádio foram vaiaram e muito o nome de Julinho Botelho, pois o então técnico Vicente Feola, havia deixado de fora a estrela Mané Garrincha, que era carioca e tinha sido destaque na copa de 58. Dizem que ao pé do ouvido Nilton Santos teria dito: "Vai lá e faz eles engolirem essa vaia". E Julinho Botelho calou as vaias, com uma atuação magistral, dando dribles envolventes criou a jogada e deu o passe para o 1° gol, não contente acabou marcando um dos mais belos e emblemáticos gols, recebendo após o lance os mais intensos aplausos já ouvidos no Maracanã deste a Copa do Mundo de 1950. A partida terminou 2x0 e todos os jornais citavam que o Brasil tinha “dois Garrinchas”. Até o fim da vida, Julinho garantiu ouvir as vaias: “Sempre as escuto. Cheguei a ter medo no vestiário. Chorei. No Hino, mal conseguia ver porque as lágrimas me deixavam cego”. Este é o Julinho que virou nome de escola na Penha, em São Paulo, onde todas as homenagens ainda serão poucas pelo muito que fez, como craque, atleta e pessoa. No dia 13/02/67 foi a entrega das faixas de Campeão Paulista de 66, saiu aos 32 minutos do primeiro tempo, deu uma volta olímpica, sentou-se e deixou que seu velho companheiro Djalma Santos lhe tirasse as chuteiras em um gesto simbólico de despedida. Deixou o Palestra descalço para nunca mais voltar a atuar. Naquela partida em seu lugar entrou o peruano Gallardo. Na primeira bola que o peruano errou o estádio inteiro puxou em coro: “Volta Julinho!”. Esta é a torcida o Palmeiras que não perdoa nada. Pelo Palmeiras atuou 269 vezes e fez 81 gols. Com a camisa do Verdão conquistou: Campeonato Paulista: 1959, 63 e 66; Campeonato Brasileiro (Taça Brasil): 1960; Torneio Rio-São Paulo: 1965. Infelizmente foi desses craques do passado, onde não ganhavam tanto dinheiro assim e teve uma velhice pobre. Em 2000 teve complicações cardíacas e necessitava de uma cirurgia que custava em torno de 25 mil reais. Na época a família chegou a cogitar a ideia de se fazer um torneio entre Palmeiras, Fiorentina e Portuguesa (as três equipes na qual ele atuou) com a renda destinada a pagar as custas hospitalares. “Misteriosamente” a diretoria do Palmeiras não respondeu a ideia da proposta, nem preciso citar que o presidente era Mustafá Contursi né? O quadro clinico do eterno camisa 7 foi se agravando, ele teve um derrame, já andava somente em cadeiras de roda e veio a falecer em 11 de janeiro de 2003. Se os cariocas tinham orgulho de ter Garrincha, o gênio das pernas tortas, nós palmeirenses temos o orgulho de ter Julinho Botelho o gênio das pernas retas.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
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