terça-feira, 31 de janeiro de 2012

JULINHO BOTELHO



Gosto muito de comentar sobre os jogos do Palmeiras, trazer uma visão diferente. As vezes quando eu escrevo sobre um jogo me faz pensar mais amplo em como foi a partida, quando paro para escrever começo a enxergar coisas que no momento não achei relevante. Também gosto de escrever bastante sobre a politica do clube, faço isso com mais frequência via Orkut, acredito ser importante para os mais novos conhecerem mais sobre a historia do clube, em como as coisas funcionam por lá. E nisso de passar tais informações, volta e meia escrevo sobre um ídolo, um craque do passado, para que nós possamos resgatar para aqueles que não acompanham mais afundo. Inegavelmente, Garrincha foi um dos maiores, se não o maior, ponta direita da historia do futebol mundial. Os seus dribles e jogadas geniais para muitos só são superadas por Pelé. Mas o que o palmeirense deve e muito se orgulhar é que outro grande ponta direita da historia do futebol jogou por aqui: Julinho Botelho. Chegou ao Palmeiras em 1959, após ficar de 1955 a 1959 na Fiorentina-IT onde era ídolo (Em 1996, foi premiado como melhor jogador da história da Fiorentina), fez parte do time que ficou conhecido como "Primeira Academia" e logo se tornou um dos maiores ídolos do Palmeiras. Conquistou aquele Supercampeonato Paulista contra o Santos de Pelé, sendo um dos principais jogadores do torneio. Ganhou ainda o nosso primeiro Brasileirão, (Taça Brasil). Fez parte do elenco que disputou o jogo histórico em que o Palmeiras vestiu a camisa da Seleção e goleou a seleção uruguaia por 3 x 0 na inauguração do Mineirão. Existem muitas passagens curiosas, os famosos “causos”, como a vez que teve de viajar escondido dentro do banheiro de um trem tamanha era a tietagem do lado de fora. Há também, até hoje, uma placa em um restaurante em Florença-ITA que diz; “Aqui almoçava Juninho”. Possuía um futebol cheio de categoria, com dribles insinuantes e jogadas de efeito, nunca dava bicões pra frente. Recusou a convocação para Seleção Brasileira de Futebol que disputaria a Copa do Mundo de 1958, alegando como motivo, o fato de que, como não atuava no futebol brasileiro, não seria justo para com os jogadores que atuavam no Brasil, que ele representasse o país em um campeonato mundial. Assim o mundo conheceu Garrincha. Em 13 de maio de 1959, já estava no Brasil defendendo o Palmeiras e foi convocado pela Seleção Brasileira de Futebol que enfrentaria no estádio do Maracanã a Inglaterra em uma partida amistosa. Quando o locutor no estádio anunciou a escalação da seleção canarinha, as 160 mil pessoas que estavam presentes no estádio foram vaiaram e muito o nome de Julinho Botelho, pois o então técnico Vicente Feola, havia deixado de fora a estrela Mané Garrincha, que era carioca e tinha sido destaque na copa de 58. Dizem que ao pé do ouvido Nilton Santos teria dito: "Vai lá e faz eles engolirem essa vaia". E Julinho Botelho calou as vaias, com uma atuação magistral, dando dribles envolventes criou a jogada e deu o passe para o 1° gol, não contente acabou marcando um dos mais belos e emblemáticos gols, recebendo após o lance os mais intensos aplausos já ouvidos no Maracanã deste a Copa do Mundo de 1950. A partida terminou 2x0 e todos os jornais citavam que o Brasil tinha “dois Garrinchas”. Até o fim da vida, Julinho garantiu ouvir as vaias: “Sempre as escuto. Cheguei a ter medo no vestiário. Chorei. No Hino, mal conseguia ver porque as lágrimas me deixavam cego”. Este é o Julinho que virou nome de escola na Penha, em São Paulo, onde todas as homenagens ainda serão poucas pelo muito que fez, como craque, atleta e pessoa. No dia 13/02/67 foi a entrega das faixas de Campeão Paulista de 66, saiu aos 32 minutos do primeiro tempo, deu uma volta olímpica, sentou-se e deixou que seu velho companheiro Djalma Santos lhe tirasse as chuteiras em um gesto simbólico de despedida. Deixou o Palestra descalço para nunca mais voltar a atuar. Naquela partida em seu lugar entrou o peruano Gallardo. Na primeira bola que o peruano errou o estádio inteiro puxou em coro: “Volta Julinho!”. Esta é a torcida o Palmeiras que não perdoa nada. Pelo Palmeiras atuou 269 vezes e fez 81 gols. Com a camisa do Verdão conquistou: Campeonato Paulista: 1959, 63 e 66; Campeonato Brasileiro (Taça Brasil): 1960; Torneio Rio-São Paulo: 1965. Infelizmente foi desses craques do passado, onde não ganhavam tanto dinheiro assim e teve uma velhice pobre. Em 2000 teve complicações cardíacas e necessitava de uma cirurgia que custava em torno de 25 mil reais. Na época a família chegou a cogitar a ideia de se fazer um torneio entre Palmeiras, Fiorentina e Portuguesa (as três equipes na qual ele atuou) com a renda destinada a pagar as custas hospitalares. “Misteriosamente” a diretoria do Palmeiras não respondeu a ideia da proposta, nem preciso citar que o presidente era Mustafá Contursi né? O quadro clinico do eterno camisa 7 foi se agravando, ele teve um derrame, já andava somente em cadeiras de roda e veio a falecer em 11 de janeiro de 2003. Se os cariocas tinham orgulho de ter Garrincha, o gênio das pernas tortas, nós palmeirenses temos o orgulho de ter Julinho Botelho o gênio das pernas retas.

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