terça-feira, 25 de outubro de 2011

CLUBE EMPRESA?

Muito se fala que a saída para esta fase que o Palmeiras vem enfrentando (fase que dura mais de uma década) é o choque de gestão. Mas o que seria tal choque? Este choque seria uma maneira completamente diferente de administrar o futebol. Na década de 80 vivíamos com uma diretoria amadora, uma diretoria que não conversava com os atletas, que acreditava que um senhor de idade, apenas porque foi comerciante por muitos anos e porque tinha um sobrenome importante, poderia administrar o futebol. Muito parecido com o que temos hoje, né? Concordo que isso funcionava nas décadas de 50, 60... Pois não existiam faculdades e universidades como se tem hoje, não se estudava para ser administrador, o pai ensinava tudo. Os jogadores eram em sua grande maioria semi analfabetos (hoje são analfabetos funcionais, sabem ler, mas não compreendem), não existia este ramo de empresários, internet, globalização e etc. Um time europeu só iria saber de uma jóia brasileira quando este chegasse a seleção ou em uma daquelas muitas excursões que se faziam, tanto que Leivinha e Cia só saíram após a Copa de 74. Hoje o Barcelona vai buscar o atleta ele ainda está usando fraudas tamanha é a informação e profissionalismo que atuam. O mundo mudou muito e o futebol mudou também, só não muda a mentalidade arcaica de quem governa o Palmeiras. Não podemos admitir que um clube que tem uma nação como torcida seja governado por amadores. Então a saída seria profissionalizar? Sim. Tornando o clube em empresa? Não. Se o clube se torna empresa, com acionistas em vez de sócios, a grosso modo parece uma maravilha, mas ficaríamos reféns de nós mesmos. Uma diretoria executiva recheada de profissionais, um dono cheio de dinheiro para investir e ao fim do ano iremos colher resultados, quem não atingir a meta tem a sua “cabeça degolada”. Simples e frio como tem de ser o mercado capitalista. Mas futebol não é business, como imortalizou um “jegue” curintiano, futebol é paixão. Todos os clubes do Brasil são exportadores de matéria prima, ninguém sobrevive sem vender jogadores, não tem clube que não revele jogador sabendo que mais cedo ou mais tarde ele irá embora. Transformar o clube em empresa será ver o Tinga de titular e o Valdivia de reserva, já que o interesse maior é vender o Tinga. Jogadores como o Marcos nunca ficariam até o final da carreira, já que após os 30 anos são descartáveis. E se formos olhar o nosso passado recente foi o que vimos. Isso ocorreu com a Traffic que não quis adquirir os direitos do Pierre por ter mais de 24 e nem quis segurar o Kleber, pois o mesmo já havia passado dos 25. Deu preferência ao Lenny, jogador no qual precisaríamos colocar para jogar e vender. Insistiu-se em Evandro, Jeferson, Marquinhos... Porque aquele Palmeiras não passava de um balcão de negócios com mandos e desmandos. Não importava se o jogador respeitava ou não a instituição, se ele jogasse bem ou não, tanto faz... Ele tinha a idade certa e tínhamos de colocar para o empresário dele revender. Em uma empresa que visa lucros é assim que funciona, se você está bem, que bom... Se está mal, tchau. O mercado funciona assim e não adianta reclamar dele. Se você tem um produto que supervalorizou: venda, se tem um produto que pode vir a valorizar: o alimente, e se tem um que não terá mais lucro: descarte-o. O clube poderia até mudar de nome para render lucros, quem sabe nos chamaríamos Red Bull, Ferrari, Google... Porque uma empresa nos patrocinaria se com um pouquinho mais de dinheiro compraria ações, se tornaria majoritária e com isso mudaria o nome? Porque colocar um nome na camisa se pode ter o nome até na tabela do campeonato? E não estou divagando não, isso nós vimos ocorrer no campeonato. O tal Grêmio Barueri virou Grêmio Prudente, o Guaratinguetá virou Americana e por ai vai... Quem sabe um grupo de empresários não compre o Palmeiras e o Curintia e faça uma fusão? A Palmeirintia Paulista. Pois não é isso que fazem as grandes empresas? A tal fusão não está na moda? E como repetiria o tal jegue curintiano: futebol é business. O Evair foi demitido, não tem nem um mês, justamente porque não quis escalar um jogador que o presidente/empresário determinou e como é um clube empresa, o Americana, tinha de atender outros interesses. Quem está errado? A meu ver o clube... Mas afinal, é clube ou empresa? Se for para pensar só como empresa, ela está certa. Volto a repetir: futebol não é balcão de negócios. Futebol é paixão e o torcedor tem de ser respeitado. Tratamos o maior patrimônio de um clube (a sua torcida) como gado. O clube “cospe” no seu torcedor e depois reclama dos tais planos de marketing que não dão certo. Pedem para torcer por um time e nem sabem se ano que vem terá o mesmo nome. Comprar camisas, que mais parecem macacões de F1, com nome de jogadores que ficarão no máximo dois anos. É nisso que o torcedor quer que o seu time se transforme?

Postagem um pouco mais longa hoje para explicar o porquê sou contrário a transformar clubes em empresas com acionistas em vez de sócios. Sou a favor de profissionalizar o clube e em outra postagem explicarei o por que. Ainda hoje, enquanto escrevo este texto, está ocorrendo o protesto pedindo as diretas já e contra o “engessamento” do nosso estatuto. Não consegui postar antes porque a internet resolveu não funcionar, a imagem traduz bem o que fiz. Dicas, dúvidas e sugestões podem ser dadas por aqui, via Orkut, e-mail, twitter (M_Obeidi)...

Um comentário:

Nilmarf disse...

Olá Matheus bom dia,li seu Post sobre Clube Empresa,gostei do seu comentário,pois foi o que o Palmeiras passou quando firmou aquela maldita parceria com a Traffic e a mesma afirmou que so contrataria jogadores até uma determinada faixa de idade porque poderia lhe render $$$,futuramente ai veio Marquinhos,Lenny,Evandro,Ivo,Willian,esse ultimo ai na minha opinião foi o que melhor jogou com a camisa do Palmeiras.
Ou seja quando acontece algo deste tipo não se prioriza os cofres do clube e sim o bolso de quem esta agenciando os interesses de empresários e Empresas detentora dos direitos federativos dos jogadores.